Mensagem da Coordenação

 

Darci Prado

Estamos mais uma vez colocando à disposição do público brasileiro, os resultados da Pesquisa de Maturidade em Gerenciamento de Projetos, o que temos feito desde 2005. É o resultado do esforço de uma grande equipe de voluntários que dedicaram uma boa parte de seu próprio tempo para produzir este material.

Em 2021, tivemos 181 participantes envolvendo 4.525 projetos. Esta marca é fruto de uma divulgação inteligente e somente pode ser atingida pelas robustas parcerias firmadas com instituições de renome como PMI, IPMA, regionais SUCESU, associadas da CBIC, instituições de ensino, revista MundoPM, CREA, etc. A eles os nossos sinceros agradecimentos.

Os principais resultados gerais de 2021 foram:

1- Maturidade média Brasil: 2,94

2- Indices de Sucesso:

  • Sucesso total: 60%
  • Sucesso parcial: 31%
  • Fracasso: 9%

3- Atraso médio: 21%

4- Estouro médio de custos: 12%

5- Atingimento do escopo planejado: 79%

Além dos valores acima, importante destacar que o nosso modelo de maturidade continua demonstrando robustez, como sempre fez, desde a primeira pesquisa em 2005. Os dados desta pesquisa 2021 demonstraram, mais uma vez, que quanto mais madura uma organização maior o seu nível de sucesso.

Por outro lado, no cenário da pesquisa 2021, dois aspectos chamaram a nossa atenção: o baixo número de participantes, quando comparado com anos anteriores, e um valor para a maturidade média um pouco acima do que se vinha observando nas pesquisas anteriores.

ANO

#  PARTICIPANTES

MATURIDADE MÉDIA

2010

345

2,61

2012

434

2,60

2014

415

2,64

2017

301

2,59

2021

181

2,94

 

Observando inicialmente o número de participantes em 2021 (181), ele representa uma forte redução quando comparado com as últimas pesquisas. Analisando o banco de dados concluímos que a queda foi generalizada, em todos os estados, todos tipos de organizações e todas as categorias de projetos.

 

Quanto a participação por estados, importante observar a significativa redução de alguns estados que tradicionalmente participaram com maior peso nas pesquisas (caso de DF e SP).

 

ESTADO

2010

2012

2014

2017

2021

1

AC

1

0

0

0

0

2

AL

1

3

2

0

4

3

AP

0

0

0

0

0

4

AM

1

2

3

3

2

5

BA

6

14

9

4

3

6

CE

1

5

5

6

2

7

DF

18

38

27

18

5

8

ES

6

14

7

3

6

9

GO

5

10

16

5

3

10

MA

0

1

0

0

0

11

MT

2

0

8

1

3

12

MS

1

0

0

2

0

13

MG

93

82

67

55

53

14

PA

3

1

3

3

1

15

PB

1

1

2

4

2

16

PR

13

22

16

20

11

17

PE

4

12

16

29

7

18

PI

1

1

0

3

0

19

RJ

23

25

24

25

15

20

RN

18

2

1

3

1

21

RS

15

21

32

38

16

22

RO

0

0

1

0

1

23

RR

0

0

0

0

0

24

SC

13

9

20

9

16

25

SP

119

163

152

68

29

26

SE

0

7

4

0

1

27

TO

0

1

0

2

0

TOT

Brasil

345

434

415

301

181

 

Outro exemplo pode ser observado na evolução da participação da categoria “Tecnologia da Informação (sw)”.

2010

2012

2014

2017

2021

112

130

130

51

12

 

Temos ainda o caso da evolução da participação de Organização Governamentais (Administração Direta e Indireta):

2010

2012

2014

2017

2021

70

83

76

65

23

 

Qual a explicação para tudo isso? Difícil de afirmar com precisão, mas acreditamos que a explicação passa por alguns dos itens abaixo:

  • Reduzido investimento do setor público (federal e estadual);
  • Crise econômica que o país tem vivido após 2014, que afeta todos os setores, inclusive o setor privado.
  • Pandemia Covid-19, diminuindo investimentos internos a partir de 2020.

Observe que utilizamos o indicador “investimentos” para explicar a baixa participação e lembramos que existe uma forte ligação entre investimentos e projetos.

Talvez ainda devamos incluir nas causas os seguintes aspectos que são mais difíceis de mensurar:

  • Uso de abordagem ágil por empresas de tecnologia da informação, o que as têm se distanciado do Gerenciamento de Projetos mais tradicional;
  • A divulgação da pesquisa utilizando e-mail e posts em sites talvez já não seja tão eficiente quanto foi no passado;

Passando agora a analisar a maturidade média do Brasil, o valor para 2021 é 2,94. Temos aqui um significativo crescimento frente as pesquisas anteriores, o que está em conflito com nossa experiência (e de outras pesquisas internacionais) que aponta que, para o cenário global de um país, a maturidade média se altera muito pouco com o passar dos anos. Qual o motivo para o valor de 2021? A resposta também não é fácil, e ficamos entre dois extremos: o valor mais alto se deve a uma amostra reduzida de empresas mais competentes ou, então, realmente está havendo um aumento da maturidade no Brasil.

O racional para a primeira linha passa pela observação de que a reduzida amostra deste ano conteria peculiaridades. Temos observado nos anos recentes que muitas empresas, que participaram de pesquisas no passado, cortaram investimentos e eliminaram a área de projetos. Portanto, não participaram da pesquisa 2021. Talvez este fenômeno tenha ocorrido com menor intensidade naquelas empresas mais sólidas ou que estavam em melhor situação para continuar investindo no início da crise e que já possuiam valores de maturidade acima da média nacional. Ou seja, estas empresas mais sólidas. continuaram tocando projetos, e isto estaria refletido no valor da maturidade média de nossa pesquisa.

O racional para a segunda linha se apoia em um artigo da Gartner intitulado “2021 CIO Agenda: A Brazil Perspective”, publicado em janeiro 2021. O artigo é baseado em uma pesquisa com executivos do Brasil e mostra que houve uma verdadeira virada no tratamento à transformação digital nas organizações. Após diversos anos na rabeira desta revolução, o Brasil passou a crescer neste tema alinhado com os maiores players mundiais. Afirma também que a Covid-19 foi catalizadora para este fenômeno. Segundo o documento da Gartiner, “o enfrentamento da Covid-19 e a Transformação Digital se mesclaram ao se repensar adequadamente os objetivos, estratégias e roteiros”.

 

Então, este movimento em direção ao alinhamento com a excelência mundial pode também ter afetado todas as iniciativas estratégicas das organizações e uma maior atenção pode estar sendo dada ao gerenciamento de projetos. 

Concluindo os dois assuntos acima, em alguma pesquisa futura, quando o país voltar a crescer e tivermos uma participação mais ampla na pesquisa, talvez possamos ver a validade ou não da análise acima.

Por outro lado, continuamos com significativa participação do público acadêmico que utiliza nosso site para efetuar download de relatórios ou de artigos de nossa Biblioteca Virtual e, principalmente, para responder ao questionário da maturidade. Estas tarefas geralmente vão rechear o texto de dissertações de mestrado, TCCs de cursos de pós-graduação, e até teses de doutorado. Muito nos honra a participação da academia em nosso
site. Contudo, é importante informar ao leitor que os dados fornecidos por profissionais da academia não fazem parte do banco de dados que utilizamos para compor os relatórios das pesquisas apresentados em nosso site. Aqui são considerados somente dados de profissionais formalmente alocados em empresas com uma carteira real de projetos.

Com relação aos relatórios da pesquisa, é possível perceber que, para o ano de 2021 o total de relatórios (9) é um pouco menor que em 2017 (13). O motivo é que algumas categorias não conseguiram atingir o mínimo de participantes necessário (60) para a produção de um relatório exclusivo, e o leitor vai notar a ausência dos seguintes já tradicionais relatórios:

 

      • Governo
      • Estado de São Paulo
      • Região Norte/Nordeste
      • Categoria “Melhorias Organizacionais e Operacionais”
      • Categoria “Sistemas de Informação”

Caso o leitor se interesse, sugerimos consultar pesquisas de anos anteriores neste site, onde temos a presença destes relatórios.

Por outro lado, a boa notícia é novamente a presença do relatório do segmento “Indústria da Construção”, que não foi publicado na pesquisa de 2017 por falta de quorum. O bom momento da construção imobiliária que o país vive desde 2019 se refletiu na forte presença de participantes deste importantíssimo grupamento, que responde por quase 10% do PIB brasileiro.

Finalmente, não podemos deixar passar a oportunidade de compartilhar com os usuários do nosso site e com os participantes da nossa pesquisa a boa notícia que recebemos em outubro de 2020. O editorial da revista digital PM World Journal coloca nosso trabalho com destaque no cenário internacional:

The best PM maturity research and best evidence of a PM maturity model being used by organizations that I am aware of is that developed in Brazil by Prof Darci Prado, and the associated research into organizational PM maturity run in Brazil since 2005.

Veja mais detalhes em:

Whatever Happened to Organizational Project Management Maturity?

Para encerrar, boa leitura e bom proveito!

Belo Horizonte – janeiro 2022